segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Coreia do Sul faz uso de gibi para prevenir crianças contra Norte

Os serviços de segurança da Coreia do Sul estão usando histórias em quadrinhos e jogos de computador para transmitir entre crianças e adolescentes "mal informados" a mensagem de que a Coreia do Norte, dotada de armas nucleares, ainda é uma ameaça. Na semana passada, a polícia lançou um gibi intitulado "Ji-yong Parte em Viagem no Tempo", voltado a crianças de 10 a 15 anos de idade.  A história trata de um garoto que viaja no tempo, acompanhado do fantasma de seu avô, nas costas de um dragão vermelho gigante. O menino testemunha a invasão norte-coreana da Coreia do Sul, em 1950, e a ditadura stalinista de Kim Il-sung, além dos campos de trabalhos forçados, a fome, as armas nucleares e os ataques cibernéticos contra sites de todo o mundo. No gibi, Ji-yong vê norte-coreanos à beira da morte por inanição, cochichando às escondidas sobre seu sistema político e sendo fuzilados quando tentam deixar o país. O sucesso econômico e a democracia sul-coreanos formam um contraste agudo quando o dragão sobrevoa a grande metrópole de Seul. "Produzimos os gibis com base na avaliação de que a maioria das crianças e dos jovens sul-coreanos têm uma visão distorcida de questões ligadas à segurança", alegou a polícia, citando pesquisa que mostra que 57% dos alunos de escolas "não têm consciência" da Guerra da Coreia e que 60% dos jovens de 20 anos não sabem quando a guerra começou. É comum ouvir do atual governo -menos propenso ao diálogo com o vizinho do que os anteriores- a queixa de que a geração mais jovem ignora a ameaça representada pela Coreia do Norte ou demonstra simpatia aberta por ela. O fato é atribuído em parte a cineastas esquerdistas que, nos últimos anos, criaram filmes de ação populares nos quais as distinções morais entre as Coreias perderam a nitidez. A polícia sul-coreana ficou alarmada neste ano quando um grupo de crianças de menos de 13 anos montou um grupo de mensagens na Internet elogiando Kim Il-sung e seu filho e sucessor, Kim Jong-il. Seis crianças foram detidas brevemente por "colocar em risco a segurança nacional".
Fonte: Folha de São Paulo Online acessada em 21 de dezembro de 2009.

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